‘Retorno social é importante’, diz Ganacim, cientista do IMPA

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07/09/2024

O Centro de Projetos e Inovação IMPA, o Centro Pi, protagonizou uma mesa-redonda neste sábado (7) no Festival Nacional da Matemática. Com mediação do cientista de projetos do IMPA Francisco Ganacim, foram apresentadas três iniciativas do Centro Pi com soluções para saúde, prevenção e preservação ambiental. 

Além de Ganacim, os estudantes de doutorado do IMPA e participantes do Centro Pi Leonardo Voltarelli, Rodrigo Schuller e Melvin Poveda participaram da conversa. 

“É importante ter esse retorno social dos nossos projetos. É lógico que gostamos de tudo aquilo que representa um desafio de pesquisa e queremos poder aplicar a matemática a essas situações”, contou Ganacim. 

Leonardo Voltarelli apresentou o projeto de previsão de chuva com inteligência artificial que está sendo desenvolvido em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro. A ideia é ajudar a solucionar um problema “muito impactante para a cidade do Rio” tornando a previsão, com base na probabilidade, cada vez mais assertiva. “A ideia é entender como usar modelos de inteligência artificial que tem a capacidade de prever riscos extremos de chuvas.”

Ainda no atendimento direto à população, o Centro Pi desenvolveu, em parceria com o grupo DASA, um algoritmo capaz de estimar com grande precisão o volume de fluido amniótico. A contribuição inédita na área da medicina fetal auxilia a diminuir riscos durante as gestações, por meio de redes neurais convolucionais e outras ferramentas modernas de estatística. 

Segundo Rodrigo Schuller, mais que resolver um problema, esse projeto também “está interessado em quantificar incertezas, identificar quão confiável alguma coisa pode ser”. Para ele, um dos grandes desafios de soluções na área da saúde são os bancos de dados. “Na aplicação médica, os dados são sensíveis, para não haver vazamento de informação pessoal, o que ainda é um grande desafio para soluções em saúde.”

Pela primeira vez no FestMat, Bruno Ramos, doutorando em engenharia da computação na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), gostou do uso inovadoro do algoritmo produzido pelo grupo. 

“Achei muito interessante a aplicação da matemática em uma área tão grande como a medicina, com muito mais complicações reais que abstratas – com o que a matemática em geral trabalha. Gostei bastante das soluções do problema, é uma aplicação de machine learning. Bom saber que funciona, que tem resultados concretos e não só mais uma tentativa que não chega ao final”, comentou. 

Em parceria com o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia),  o Centro Pi também está buscando identificar pólos de desmatamento na Amazônia. O Centro Pi está atuando na tentativa de otimizar um processo que leva em média 200 horas de trabalho por mês. “Procuramos criar um modelo que ajude a Imazon a indicar se aquilo é um desmatamento ou não da melhor forma possível”, contou Melvin Poveda. 

O projeto também busca identificar focos de incêndio para produzir estatísticas e “relatórios de forma mais eficiente”. O governo brasileiro também é um dos beneficiados com a parceria. 

O Centro Pi

O Centro de Projetos e Inovação IMPA objetiva a resolução de problemas concretos e o desenvolvimento de projetos para o setor produtivo nacional, com base na matemática. Entre as áreas de principal atuação estão a inteligência artificial, machine learning, dinâmica de dados e geoestatística. 

“Nossa missão é conectar o IMPA a agentes externos à academia, como ONGs e o próprio governo. Essas entidades têm desafios que enfrentam no dia a dia, onde estão atuando na sociedade. E esses desafios requerem inteligência matemática para serem resolvidos. Observamos esses problemas e tentamos descobrir soluções aplicando matemática”, afirmou Ganacim. 

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