01/10/2024
No #AlémDasEquações, vamos contar a trajetória de Isabelli Christini, de 21 anos. Natural de São José (SC), a aluna do bacharelado em Matemática da Tecnologia da Inovação é a primeira geração de sua família a ocupar um lugar no Ensino Superior. Agora, seu desejo é mostrar aos mais novos que todos podem alcançar os objetivos através dos estudos.
Quando criança, a estudante sempre quis fazer a prova da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas). “Eu era bem nerd. Gostava um pouco de tudo, mas a minha paixão sempre foi a matemática”, disse. Na época, a Olimpíada Mirim, competição científica voltada para alunos do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental, ainda não existia. Foi então no 6º ano que Isabelli realizou a OBMEP pela primeira vez e já conseguiu uma menção honrosa.
Depois da menção, o objetivo era conquistar medalhas. “Comecei a gostar e passei a estudar mais. Na minha escola, fazia aulas de reforço e me divertia com a matemática”, afirmou. E a dedicação gerou frutos. Ao todo, a aluna possui 4 medalhas na OBMEP: 1 ouro, 2 pratas e 1 bronze.
Resolver desafios matemáticos nunca foi um problema para Isabelli, mas sim uma forma de relaxar e se distrair, como se realmente estivesse desvendando um problema. “Eu sou muito fã de Agatha Christie, livros de mistério, e para mim, uma equação era quase um mistério. Você precisa encontrar o x, que é quase sempre o culpado de um crime”, brincou.
A aluna, então, enxergou nos estudos uma possibilidade de ter um futuro melhor. “Meus pais não tiveram a chance de estudar, mas sempre me mostraram que o jeito de mudar a minha vida era através dos estudos. Coloquei isso na cabeça e agarrei as oportunidades, como a OBMEP.”
Em 2019, foi até Salvador para receber a medalha de ouro na Cerimônia Nacional da OBMEP. “Foi um dos melhores dias da minha vida. Foi a primeira vez que tive uma viagem desse nível”, afirmou.
No Ensino Fundamental, cursar matemática não era uma opção, mas ao longo do Ensino Médio as possibilidades aumentaram. “No instituto federal, tinha uma disciplina de projeto de pesquisa e me apaixonei. Decidi que queria ser pesquisadora em Matemática. Depois, fiz teatro e percebi que gostava de me comunicar. Pensei que também poderia ser professora ”, disse.
Com a notícia do IMPA Tech, Isabelli ficou animada para estudar matemática, principalmente pela grade curricular interdisciplinar. “Combinava bem com o que eu queria para uma graduação: um curso mais aberto, com espaço para interdisciplinaridade. Vi que poderia fazer matemática, mas com matérias de linguística também, por exemplo.”
Quando a estudante foi aprovada, a festa foi garantida. “Contei para todo mundo. Estava muito feliz porque ia fazer o que eu gosto e com apoio financeiro para me estabilizar.” A parte difícil foi deixar a família em casa. “Fizemos uma celebração de despedida, mas não queria pensar nisso para não chorar. Sem o incentivo da minha mãe, não estaria aqui”, contou.
A mudança para o Rio de Janeiro foi cheia de expectativas, mas Isabelli manteve o foco na graduação. “Queria conhecer tudo, mas percebi que deveria focar nos estudos antes de viver como uma turista. Estar aqui é uma correria muito grande, mas vale a pena, principalmente pelas oportunidades que tenho. Para esse novo semestre, estou focando nas disciplinas da área de ciência de dados, que é a ênfase que planejo seguir.”
Agora, a aluna quer mostrar para as novas gerações de sua família que vale a pena estudar. “Quero proporcionar ao meu sobrinho as oportunidades que eu não tive. Tudo na minha vida eu tive que ir lutando, quebrando portas e me matando de estudar. Toda vez que sinto saudade de casa, penso nele e lembro o porquê estou aqui. Quero ser uma inspiração”, concluiu.
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