12/07/2024
Sob a supervisão da professora de Habilidades Linguísticas, Cilene Rodrigues, os alunos de Matemática da Tecnologia e Inovação organizaram a 1ª Mostra de Xenolinguística do IMPA Tech. A apresentação dos trabalhos foi realizada nesta quinta-feira (11) e foi avaliada por professores e pesquisadores do IMPA, da PUC-Rio e da UFRJ.
Os trabalhos foram desenvolvidos na disciplina de Habilidades Linguísticas e são baseados em línguas hipotéticas, as “línguas alienígenas”, que possuem sintaxe similar à das línguas humanas. A professora Cilene explicou que a ideia do projeto é inverter a lógica de ensino tradicional, oferecendo as ferramentas de aprendizagem aos alunos. “O projeto de xenolinguística funciona como uma sala de aula invertida porque é o aluno que formula o projeto, cria e alimenta uma língua. A partir dessa construção, os estudantes aprendem como estruturar uma língua para então entender como funciona uma gramática”, afirmou.
A feira de apresentações foi organizada pelos alunos da graduação, que se dividiram em comissões para estruturar o evento. “Democraticamente, escolhemos a banca avaliadora, os critérios que fariam sentido para refletir o trabalho e esforço dedicados ao longo do semestre. Foi um trabalho muito colaborativo. A decisão de dar autonomia aos alunos é muito empoderadora e capacitante para nossa vida acadêmica”, afirmou a aluna Gabriely Rocha.
Além de Cilene Rodrigues, a banca avaliadora foi composta por outros linguistas de instituições convidadas e matemáticos do IMPA. Milton Jara, professor de Cálculo do IMPA Tech, a doutoranda Ana Cristina Araújo e o pós-doutorando Daniel Yukimura representaram o IMPA. Já os professores Marcus Maia (UFRJ), Aniela Improta (UFRJ), Maria Eugenia Duarte (UFRJ) e Leonardo Berenger (PUC-Rio) foram os linguistas convidados.
O estudante Igor Alves achou a dinâmica inovadora e, por mais que não tenha sido fácil fazer o trabalho, ficou feliz com o resultado. “A ideia do projeto é explorar tudo o que a gente aprendeu nas aulas sobre a língua e a sintaxe do português e usar as aplicações para formular uma nova língua, seja a partir bases já conhecidas ou inventadas do zero. Achei muito legal ser avaliado por especialistas da área e observar que estamos fazendo um bom trabalho”, disse.
Os trabalhos seguiram caminhos diferentes e cada grupo desenvolveu uma língua focada em necessidades específicas, com morfemas e regras gramaticais, seja para a comunicação de comunidades que vivem em cavernas, línguas baseadas em emoções humanas, baseadas na matemática e até mesmo em jogos de computador, como o Minecraft. “Fiquei encantada com a diversidade de pensamentos e a abrangência do projeto. Quando você vai fazer uma língua nova, é necessário pensar em biologia, evolução, no aparelho fonador, em raciocínio lógico… Os grupos fizeram trabalhos muito criativos e conseguiram entenderam o que é a língua de forma dinâmica”, afirmou a professora da UFRJ Aniela Improta.
Para Milton Jara, a mostra de xenolinguística foi uma evidência de que os estudantes estão no caminho certo, utilizando habilidades interdisciplinares para apresentar resultados. “Na formação do matemático, uma das grandes deficiências é saber apresentar, comunicar e fazer as pessoas se interessarem pelo conteúdo. O que vimos aqui hoje é que os estudantes sabem exatamente o que estão fazendo e apresentando. Isso é fundamental e será muito importante no futuro, independente da área de atuação escolhida por cada um”, afirmou o pesquisador.
No encerramento da mostra, a professora Cilene, emocionada, discursou aos alunos. “Estou muito orgulhosa do que vi aqui hoje. Vocês conseguiram aplicar o pensamento formal e a imaginação como suportes de aquisição de conhecimento e conduziram os resultados com seriedade e respeito ao público convidado. Estão todos de parabéns”, concluiu.
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